terça-feira

OS TENTÁCULOS DO PRAZER

Shidarta Gautama, o Buda, pondera que: A luxúria é a porta de entrada de todos os males. Guimarães Rosa, se referindo a gula, outro pecado capital, afirma: Na virtude da gula, está a virtude da sobrevivência.

São maneiras diferenciadas de compreender as inter-relações da alma humana com estes vícios tão unidos como unha e carne. A ponte entre ambos parece estar no instinto de preservação!

A alma é, ao mesmo tempo, portadora e instrumento-escravo dos tentáculos do prazer! A lascívia é um gigante reflexo. Os poetas, os líricos, os românticos, os apaixonados, os ébrios (vítimas dos tentáculos), os sensíveis, e mesmo os simples, todos cantam, escrevem e choram sobre suas ligações com os braços sedutores e delirantes que os enlaçaram.

Este fantástico ícone da alma, ao se manifestar, o faz de maneiras diversas e usando roupagens fantásticas. Atraentes, sedutoras e convincentes. São os braços do polvo, que enlaçam os vis mortais! Felizes vítimas deste pecado maior, capazes de sucumbir, mesmo ferida de morte, e a cantar a enorme emoção que tiveram.

Esta transgressão é um potencial estimulador de ações da alma em seu curso evolutivo, ou a nefasta ilusão dos sentidos (que estão sempre ao seu dispor). A nossa seletividade é o canal desta ação!

Esta incontinência pode ser a prova suprema pela qual passaremos buscando compreendê-la, ou cairmos derrotados diante do seu lastro delirante!

O apóstolo Paulo em sua carta aos Coríntios, nos fala dos tentáculos deste gostoso pecado: Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero este faço.

Sob a pressão absoluta deste mal maior (ou desta experiência transcendental), a nossa alma-instrumento fica atarraxada à reflexão de Píndaro: Alcarme-ei diretamente ao palácio demasiado alto aonde habita a justiça, ou seguirei por vias sinuosas e oblíquas, em busca da plena aventura da vida.

Todo o nosso corpo físico com suas reações a nossa mente, com sua psicologia citando em destaque a seletividade que usamos para discernir, são canais por onde flui a energia da luxúria.

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