segunda-feira

A PALAVRA DE BEZERRA: O PERÍODO DA MAIORIDADE

Mencionamos a meta prioritária, conhecemos a diretriz insuperável, mas todos sentimos um vácuo no coração quando pensamos nesse ideário maior confrontado com a realidade moral de nosso movimento bendito. O que fazer já sabemos. A indagação que agora toma-nos a mente é: como fazer?

A melhor campanha para a instauração de um novo tempo na Seara passa pela necessidade de melhoria das condições do centro espírita, que é a célula operadora do objetivo do Espiritismo. Lá sim se concretizam não só o conhecimento e o trabalho, mas a absorção das verdades no campo individual consentidas em colóquios íntimos e permanentes, que reproduzem os momentos de Jesus com seu colégio apostólico.

Por isso, temos que promover as Casas, de posto de socorro e alívio a núcleo de renovação social e humana, através do incentivo ao desenvolvimento de valores éticos e nobres capazes de gerar a transformação.      Para isso só há um caminho: a educação.

O núcleo espiritista deve sair do patamar de templo de crenças e assumir sua feição de escola capacitadora de virtudes e formação do homem de bem, independentemente de fazer ou não com que seus transeuntes se tornem espíritas e assumam designação religiosa formal.

Elaboremos um programa educacional centrado em valores humanos para dirigentes, trabalhadores, médiuns, pais, mães, jovens, velhos, e o apliquemos consentaneamente com as bases da Doutrina.

Saber viver e conviver serão as metas primaciais desse programa no desenvolvimento de habilidades e competências do espírito.

O que faremos para aprender a arte de amar? Como aprender a aprender? Como desenvolver afeto em grupo? Como “devolver visão a cegos, curar coxos e estropiados, limpar leprosos, expulsar demônios”?

Muitos adeptos conhecem a profundidade dos mecanismos desencarnatórios à luz dos princípios espíritas, entretanto, temos constatado quantos chegam por aqui em deploráveis condições por não se imunizarem contra os padrões morais infelizes e degeneradores.

A melhoria das possibilidades do centro espírita indiscutivelmente facilitará novos tempos para o pensamento espírita, haja vista que estaremos ali preparando o novo contingente de servidores da causa dentro de uma visão harmonizada com as implicações da hora presente. Dessa forma, estaremos retirando a Casa da feição de uma “ilha paradisíaca de espiritualidade”, projetando-a ao meio social e adestrando seus partícipes a superarem sua condição sem estabelecer uma realidade fictícia e onerosa, insufladora de conflitos e de medidas impositivas, longe das reais possibilidades de transformação que a criatura pode e precisa efetivar em si mesma.

Interagindo com o meio em permuta incessante de valores e experiências, o centro espírita sai da condição de um reduto isolado no cumprimento de sua missão, e passa a delinear a formação de uma rede de intercâmbios, fenômeno esse que vem abarcando a humanidade inteira sob a designação de globalização.

Contudo, a interação da casa doutrinária com o meio deve ser ativa a ponto de transformar-se em pólo irradiador de benesses a outras co-irmãs e, igualmente, para o agrupamento social no qual encontra-se inserida.

Por isso, mais uma vez torna-se imprescindível renovar conceitos e reciclar métodos, a fim de atingirmos os patamares de instituições multiplicadoras da mentalidade imortalista e fraternal.

Esse processo de interação social reclama posturas novas, dentre elas a de abrir canais de permanente relação inter-institucional, na qual o centro espírita catalise fulcros de cultura e modelos experimentais, transformando-se em ambiente de diálogo e convivência para dirigentes e trabalhadores de outros grupos afins, passando suas vivências e aperfeiçoando suas realizações ao tempo em que converte-se em pólo espontâneo da união entre co-idealistas, no regime do mais livre pluralismo de concepções acerca dos postulados espíritas.

Mais uma vez a visão futurista do Codificador, prenunciando esse tempo, levou-o a declarar: “esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã”. (14)

A criação desses pólos são medidas salutares contra o isolacionismo e, pela sua característica essencial de fortalecimento de idéias, ensejam uma relação mais participativa, descentralizadora, operando entre os grupos a prática da solidariedade.

Incentivaremos não só a renovação cultural nas casas espíritas, mas também a estruturação das entidades específicas que, pela sua neutralidade institucional, obterão um trânsito mais intenso junto à seara na dinamização de um arejamento cultural, no atendimento das necessidades humanas que abarrotam em solicitações e demandas.

Há serviço intenso a realizar, e devemos ver com bons olhos a multiplicidade de funções e a diversificação de medidas em favor dos clamores da sociedade.

Os dirigentes, ricos de boa-vontade e espírito cooperativo, anseiam por novos horizontes, todavia, tem faltado quem se disponha a dividir vivências ou a edificar um ambiente que se constitua verdadeira oficina de idéias e diálogo para a criação de caminhos novos.

Serão esses pólos as cooperativas de afeto cristão que permitirão aos servidores e condutores das responsabilidades doutrinárias renovarem esperanças, quebrando os circuitos de rotina dentro do labirinto de obrigações a que se renderam no ramerrão do centro espírita. Serão pólos de arejamento e solidariedade mútua regidos por intenso e espontâneo desejo de somar que, em última análise, é a unificação no que de mais sublime exprime o sentido dessa palavra.

Estamos, portanto, meus irmãos e amigos do coração, instaurando o período da unificação ética, da maioridade das idéias espíritas através do melhor aproveitamento individual dos seareiros dispostos a mais amplos vôos de renúncia, sacrifício e amor à causa.

Assim, todos nós aqui hoje reunidos estamos convocados a cerrar esforços continuados ao programa renovador de nosso abençoado movimento espírita, com vistas a ampliar na humanidade a mensagem de esperança e libertação trazida por Jesus e explicada com lucidez pelo trabalho de Allan Kardec.

Estamos em campanha.

Campanha pela unificação com amor.

Campanha pela renovação das atitudes.

Temos um problema na Seara: as más atitudes.

Temos uma solução para a Seara: novas atitudes. Seja essa a nossa campanha no bem pelos tempos novos a que todos somos chamados.

Todos aqui, mormente os que se acostumaram à docilidade e ternura de meu coração, não se surpreendam com a franqueza de minhas palavras.

Estejam certos que o sentimento é o mesmo e sempre será.

A clareza e a definição de minha fala são em obediência incondicional e servil a ordens maiores que cumpro em nome do Espírito Verdade.

Sem perder a fraternidade, vós outros que têm o acesso livre pela palavra mediúnica, levai essa mensagem ao conhecimento de todos. Aqueles que hoje aqui se encontram temerosos ante as novas chances que logo envergarão na carne, levai convosco a esperança de que em plena infância serão bafejados pelas claridades desse momento de renovação, dentro e fora das movimentações espirituais a que se matricularão. Aqueles que servem a outras fileiras de obrigações junto à humanidade, cooperem com nosso ideal incentivando a superação dos preconceitos e abrindo picadas para a penetração das idéias espíritas frente à sociedade.

Enaltecendo a comemoração, da qual ainda agora quase todos aqui presentes tivemos a benção de acompanhar junto aos irmãos no Congresso Espírita Brasileiro, peçamos ao Senhor da Vida que fortaleça sempre os ideais em nosso coração, para que as medidas salvadoras representem mãos estendidas e guiadas pelo coração sempre pulsante no bem, em favor das lutas e do aprendizado daqueles que receberam de Deus a gloriosa oportunidade de regressarem à carne no torrão brasileiro, fruindo das benesses do Consolador Prometido. Amparemos nossa bendita Seara em seus novos dias, relembrando sempre a nossos tutelados a importância do amor.

Rememoremos como fonte inspiradora de nossa campanha a sublime e inesquecível fala de nosso Mestre: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

http://www.ermance.com.br/images/stories/atitudedeamor.pdf

Bezerra de Menezes

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